terça-feira, 30 de junho de 2009

Relatóरियो

Bom dia professora,segue abaixo o relatório do segundo encontro de língua portuguesa - Vargem Alta.
Iniciamos o encontro ás 8h com uma palestra da pedagoga e coordenadora do gestar de Cachoeiro de Itapemirim sobre a importância da formação continuada para professores e com uma dinãmica que trazia como reflexão a importãncia do trabalho em grupo e da cooperação.Após a dinãmica,fizemos a leitura do texto"Aprender sempre para ensinar mais-capacitação em serviço ajuda a melhorar o desempenho dos alunos em poucos anos."Após o café,fizemos uma retomada do assunto tratado na unidade 11 através de slides e de algumas atividades elaboradas por mim.Após as apresentações das atividades,iniciei a unidade 12 com a resolução das atividades das seções e discussão sobre as mesmas.Após o almoço,deu-se início á oficina.Os cursistas fizeram um breve relato das dificuldades e avanços que tiveram nos estudos individuais e com seus alunos.Depois,fizeram os exercícios propostos na oficina,a avaliação e a reflexão sobre letramento,para introduzir o tp4.o encontro foi muito bom e os professores estão adorando.Encerramos nossos estudos às 17h.
Um abraço.Maura cilene mathiélo

MEMORIAL

“Entre o sono e o sonho/entre mim e o que em mim é o que eu me suponho/
corre um rio sem fim.” (Fernando Pessoa)


As leituras que tenho feito ao longo do caminho é que me possibilitam a escritura desse texto. Quantas vezes temos que nos reportar aos livros para sustentar nosso dizer e nosso fazer como educadores?
Falar de minhas experiências com a leitura é falar de amor e de muita dor. É tocar o dedo nas feridas.
Como começar?
Começo do fim?
Não é melhor começar pelo início. Ao final vejo como amarro esse tecido textual com o tecido da minha vida. Ambos se confundem, enlaçam fios e cores numa tessitura única. Porque assim é cada vida. Assim é cada ser.
Eu fui atrás das letras. Segui uma trilha solitária.
E as encontrei. Elas sorriram para mim e jamais me abandonaram.
Foi por volta dos meus 4 ou 5 anos. Minhas irmãs iam para a escola e eu as acompanhava de longe. Se me vissem não me deixariam ir. A escola era uma casa. A professora era a dona da casa. Aprendera a ler e ensinava as crianças dela e as crianças das fazendas vizinhas. Eu ficava do lado de fora. Tudo que a professora falava lá dentro eu repetia baixinho: ma-ta, ta-tu... O quadro negro era feito de tábuas. Ela copiava lá e eu escrevia no chão duro, de terra batida, com um pedaço de pau. Lembro-me do dia que aprendi o R maiúsculo. O R de Rosa.
Primeira leitura foi em uma lata que minha mãe guardava polvilho. Eu li: “Óleo de amendoim”.Guardei segredo.
Guardar segredo desse momento mágico! Por quê?
É que certo dia estava no quarto folheando os livros de minhas irmãs, as cartilhas, e uma delas viu e saiu correndo e gritando meu pai. Levei uma surra. Estava proibida de mexer nos objetos de escola delas. Objetos de desejo. Como eu os desejava! Chorei muito e não dormi à noite. Eu só queria ver! Pegava escondidos pedaços de jornais e de revistas que vinham embrulhando as compras e levava para o milharal. E lá eu lia. Lia em voz alta, gesticulava. Apontava as montanhas, o céu.
Nessa época morávamos no alto da serra. Alto-Porã, município de Pedregulho, no Estado de São Paulo. Lá do alto avistava o Rio Grande e as montanhas que ficavam do outro lado do rio. Uma paisagem magnífica que jamais saiu de meus olhos e de minha alma.
Corria o ano de 1963, estava com 7 anos, quando atravessamos a ponte. Fomos morar em Uberaba, Minas Gerais. Seis meses depois de nossa mudança papai faleceu.
Fui morar com uma família. Fazia pequenos serviços domésticos em troca de comida, roupa, calçados. Em 1966, estava eu com 10 anos, quando me matricularam no Grupo Escolar.
Já no primeiro dia de aula, a professora nos deu uma cartilha. Novinha. Estava encapada com papel pardo. E eu li. Li em voz alta como se estivesse lendo para o cafezal em flor, para as montanhas. Ignorei a presença da professora, dos alunos. Finalmente eu estava na escola e tinha nas mãos uma cartilha. Foi o dia mais feliz da minha infância.
Quando acabei de ler a professora levou-me para o primeiro ano “adiantado”.
Ao final de cada ano eu ganhava um presente por ser a primeira aluna da sala. Lembro-me apenas de um que ganhei na segunda série: Um livro que veio com dedicatória da professora Áurea Celeste. “A Cabana do Pai Tomaz”. Era a triste história de um escravo em fuga.
Outra lembrança de leitura que me marcou deu-se no quarto ano. Toda sexta-feira, depois do recreio, a professora entrava na sala com um enorme livro vermelho, de capa dura, e lia uma história para nós. Rapunzel, João e o pé de feijão, A bonequinha preta... A voz suave da professora ecoava pela sala e ficou guardada para sempre em minha memória.
Concluí o ensino primário no final de 1969 com direito à solenidades de formatura. Missa, entrega de certificados e discursos políticos.
Fui oradora da turma. No meu texto fiz um breve relato sobre meu ingresso no mundo dos letrados. Lembro-me de que muito dos presentes choraram. Eu estava feliz. Só isso.
Neste momento, a lembrança desse dia dói em minha alma. Aos 13 anos, eu lia as palavras, mas não aprendera ainda a ler a vida.“Na escola primária/Ivo viu a uva/e aprendeu a ler.”
No início do ano seguinte, fui morar e trabalhar em Brasília. Era babá. Foram três anos sem ver minha família, três anos sem férias, três anos fora da escola. Lia muito. Jornais e revistas, e li ainda A moreninha, Meu pé de laranja lima, e Senhora. Escrevia cartas. Muitas cartas.
Retornei a Uberaba no final de 1973 e não cheguei a ficar um mês com a minha família.
Estava com 16 anos, e conheci meu primeiro amor Ao ficar rapaz/Ivo viu a Eva/e aprendeu a amar.
Mudei-me para Presidente Prudente, estado de São Paulo, com outra família. Era um casal e 4 filhos. Fiz o exame de admissão. Retornei à escola. Ficamos em Prudente um ano e nos mudamos para Pariquera-Açu, cidadezinha litorânea próxima a Iguape. Perdi meu grande amor sem ao menos tê-lo namorado. Trocamos centenas de cartas. Devia tê-las guardado, porque eram belíssimos poemas. Eu lia muito.A biblioteca da casa era riquíssima e estava sempre sendo atualizada.
Em meados de 1976, retornei para Uberaba. Fui morar com uma tradicional família da cidade.
Era então dama de companhia de uma senhora acamada. Ela perdera a visão por causa da doença. Das 19 às 23 horas uma funcionária me substituía para eu ir para o colégio. Fiz o colegial no COC. Numa madrugada, a senhora percebeu que estava acordada e perguntou-me o que eu estava fazendo. Disse que estava lendo um livro. Era Grande sertão: Veredas. – Veja que lindo! – eu dissera – e li um longo trecho para ela. Depois daquele dia, tornou-se rotina eu ler para ela os romances, os poemas, indicados pelos professores. Numa fria manhã de abril ela acordou sorrindo e disse que havia sonhado comigo. Perguntei-lhe como eu era em seu sonho. Ela respondeu: – Como você é. Linda! Chorei muito. Poucas horas depois ela dormiria para não mais acordar. Nessa época eu já estava na Universidade e dava aulas no COC no turno matutino. Inúmeros questionamentos foram tornando-se relevantes, fazendo com que buscasse melhor fundamentação para reflexões que, desde o início de minha formação acadêmica, surgiam como fundamentais. Tematizava a importância da linguagem na constituição de formas de significação da existência. Como diz Foucault, “é preciso compreender um acontecimento como uma relação de forças que se inverte, um poder confiscado, um vocabulário retomado e voltado contra seus utilizadores, uma dominação que se enfraquece, se amplia e se envenena e uma outra que faz entrada mascarada”. O ano era 1980. Passei a trabalhar dois períodos no colégio, no período vespertino, eu era professora “eventual”.
Casei-me no início de 1981. Nesse mesmo ano nascera minha filha Sílvia Beatriz e em 1982 nasceu meu filho, Sílvio Diogo.
De 81 a 83 dividia minha vida entre a universidade e a educação dos meus filhos. Comprava muitos livros para eles, mas à noite as histórias vinham de minha memória. E eu as contava dramatizando, cantando...
Meus filhos foram o maior legado que a vida reservou para mim. Com eles e por eles aprendi a arte de viver. Foram eles que despertaram em mim o olhar atento para o grande espetáculo da vida. Aprendi a olhar e aprendi a ver além. Muito além das aparências.
Em 1986 fiz minha primeira Especialização em Língua Portuguesa. Tive a felicidade de conhecer e de aprender com Eni Orlandi, Eduardo Guimarães, Eugênio Estevam, Maria Luiza Braga, Kanavillil Rajagopalan, Silvana Mabel Serrani. Eles vieram da Unicamp para dar as aulas no Curso. Muitas leituras. Aprendizado e vivência.
Nesse mesmo ano retornei à escola como professora do Ensino Médio. Acompanharam-me Paulo Freire, Rubem Alves, Edgar Morin, Moacir Gadotti, Pedro Demo e tantos outros estudiosos, que sustentaram minha prática pedagógica. Considerando que duas características dos discursos são a dispersão e a polissemia, concebo que conceitos e teorias são fenômenos culturais, socialmente construídos e legitimados. Assim, entendo o conhecimento não como algo a ser possuído, mas algo que se constrói de modo dinâmico e processual. Sendo assim, o rigor e a avaliação na aplicação do procedimento metodológico são fenômenos da ordem da intersubjetividade e estão vinculados à possibilidade de socializar o processo interpretativo.

Minha trajetória profissional tem estado vinculada, durante esses 22 anos, na área de educação, tendo trabalhado em todos os níveis educacionais (Educação Básica e Ensino Superior – Graduação, Projetos de Pesquisa e de Extensão). Atuei com coordenadora pedagógica da área de Língua Portuguesa. Minha experiência de docência é basicamente como professora.
Uma preocupação central em minha trajetória profissional e acadêmica tem sido vinculada à área da prática de leitura e de escrita.
Concebi que, como educadora, torna-se premente a necessidade de fazer perguntas vitais sobre nosso ofício e nosso papel, sobre nosso trabalho e nossa responsabilidade. Um discurso que pretenda uma unificação do pensamento e da perspectiva sobre determinado assunto fecha o campo de significação, tornando restritas as alternativas, fixando e naturalizando o discurso. No entanto, um projeto educativo pode ser sempre outra coisa, pode adquirir outros significados, pode incorporar outros sentidos. É possível fazer outras perguntas, definir outros problemas de outra forma. Assim, nós educadores e educadoras abrimos o campo do social e do político para a produtividade e a polissemia, para a multiplicidade e a produção de novas possibilidades.
No meu entender, a produção do conhecimento é uma atividade de construção, num tempo e espaço definidos, constituidora de uma realidade tanto objetiva quanto subjetiva, e mesmo intersubjetiva. Nesta perspectiva, a realidade é tida como um fenômeno histórico, cultural e dinâmico, e o ser humano é um produto social, ainda que não determinado. Os critérios que utilizamos para descrever, para explicar, para analisar, são produtos de nossas próprias convenções e práticas e são influenciados por nossa subjetividade, não havendo, assim, qualquer possibilidade de neutralidade.
Portanto, a pesquisa se oferece ao exame de suas próprias convenções, pois seu objetivo é dar visibilidade às opções que nela estão refletidas.
A segunda especialização foi em Lingüística Aplicada ao ensino de Língua materna. Mais uma caminhada ao lado de grandes mestres: Doutora Ormezinda Maria Ribeiro, Aya, UnB; Dr. João Bosco e Dr Cleudemar, UFU; Dra Vânia Maria Resende, USP; Dr. Carlos Brandão e tantos outros mestres. Além desses havia Vigotsky, Sírio Possenti, Bakhtin, Barthes, Kleiman...
O trabalho de conclusão foi orientado pela professora Aya. “O texto poético em sala de aula: para além do dizível”. Artigo publicado na Revista Athos&Ethos.
O caminho profissional foi sempre partilhado com a tarefa prazerosa de ser mãe.
Em minha trajetória humana fui Gata Borralheira, Cinderela, Macabéa, Ana Moura, Clarissa, Madalena (Paulo Honório).
Hoje sou mais eu. Eu mesma. A professora Rosa Maria Olimpio. A rosa do alto da serra.
Atualmente trabalho como formadora do GESTAR pela UnB, Brasília. Viajo pelo Brasil levando aos educadores a crença do programa GESTAR, que é chegar aos alunos – crianças como eu fui em minha infância – o acesso ao mundo da cidadania assegurada pela aprendizagem da leitura. Leitura da palavra. Leitura do mundo.
No fino tear do destino, teci um final feliz para a história daquela menina que de sua mais profunda solidão atravessou o rio, as montanhas e se lançou por inteira no mundo da arte, cuja matéria prima está sempre à espera de ser lapidada: a palavra
A poética da palavra como paixão criativa, que gesta discursos provocadores. Recordo-me de uma declaração de Friedrich Nietzsche, em seu livro Humano, demasiado humano: “Há tensão e paixão que caracterizam aqueles que arriscam deslocar-se para lugares desconhecidos, desafiam verdades prontas, movem-se em busca de conhecimentos novos, viajam pelo conhecimento. Aquele que pretende apenas em certa medida alcançar a liberdade da razão não tem durante muito tempo o direito de se sentir sobre a terra, senão como um viajante – e nem sequer como um viajante que se encaminhe para um ponto de chegada; pois este não existe. Terá em vista, isso sim, observar bem e manter os olhos abertos para tudo o que realmente se passa no mundo; [...] é necessário que nele haja sempre algo de viajante, cujo prazer reside na mudança e na passagem”.
Acrescento minha experiência pessoal ao comentário de Nietzsche, com a poesia existencial de Clarice Lispector, e encerro esse memorial.
“Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”
E creio que, nos caminhos por onde andei, o chão ficou cor-de-rosa.






PRIMEIRA LIÇÃO


Na escola primária
Ivo viu a uva
e aprendeu a ler.

Ao ficar rapaz
Ivo viu a Eva
e aprendeu a amar.

E sendo homem feito
Ivo viu o mundo
seus comes e bebes.

Um dia no muro
Ivo soletrou
a lição da plebe.
E aprendeu a ver.

Ivo viu a ave?
Ivo viu o ovo?
Na nova cartilha
Ivo viu a greve
Ivo viu o povo.


(Lêdo Ivo)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Um poema que eu gosto...

A coisa mais fina do mundo

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou o pão, deixou tacho no fogão com água quente.
Não me falou de amor.
Essa palavra de luxo.

Adélia Prado

terça-feira, 23 de junho de 2009

CONTO

CONTO
VENHA VER O PÔR DO SOL
Lygia Fagundes Telles
Ela subiu sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.
Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante.
- Minha querida Raquel.
Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.
- Vejam que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que idéia, Ricardo, que idéia! Tive que descer do taxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima
Ele sorriu entre malicioso e ingênuo.
- Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância...Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete-léguas, lembra?
- Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? - perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. - Hem?!
- Ah, Raquel... - e ele tomou-a pelo braço rindo.
- Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado...Juro que eu tinha que ver uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal?
- Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz – E que é isso aí? Um cemitério?
Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.
- Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo – acrescentou, lançando um olhar às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro. Sorriu. - Ricardo e suas idéias. E agora? Qual é o programa?
Brandamente ele a tomou pela cintura.
- Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo.
Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada.
- Ver o pôr do sol!...Ah, meu Deus...Fabuloso, fabuloso!...Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério...
Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.
- Raquel minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura...
- E você acha que eu iria?
- Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um instante numa rua afastada...- disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento –Você fez bem em vir.
- Quer dizer que o programa... E não podíamos tomar alguma coisa num bar?
- Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.
- Mas eu pago.
- Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.
Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.
- Foi um risco enorme Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero ver se alguma das suas fabulosas idéias vai me consertar a vida.
- Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado – prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram. – Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.
- É um risco enorme, já disse . Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.
- Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo...
O mato rasteiro dominava tudo. E, não satisfeito de ter se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrando-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com a sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando vagarosamente pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados.
- É imenso, hem? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, é deprimente – exclamou ela atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada.- Vamos embora, Ricardo, chega.
- Ah, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambigüidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa.
- Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre.
Delicadamente ele beijou-lhe a mão.
- Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.
- É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.
- Ele é tão rico assim?
- Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro...
Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.
- Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?
Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.
- Sabe Ricardo, acho que você é mesmo tantã...Mas, apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Palavra que, quando penso, não entendo até hoje como agüentei tanto, imagine um ano.
- É que você tinha lido A dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora. Hem?
- Nenhum - respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: - A minha querida esposa, eternas saudades - leu em voz baixa. Fez um muxoxo.- Pois sim. Durou pouco essa eternidade.
Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido.
Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja- disse, apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas...Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso.
Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.
- Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim – Deu-lhe um rápido beijo na face. - Chega Ricardo, quero ir embora.
- Mais alguns passos...
- Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para atrás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.
- A boa vida te deixou preguiçosa. Que feio – lamentou ele, impelindo-a para frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr do sol. – E, tomando-a pela cintura: - Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.
- Sua prima também?
- Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos...Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas...Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.
- Vocês se amaram?
- Ela me amou. Foi a única criatura que...- Fez um gesto. – Enfim não tem importância.
Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o
- Eu gostei de você, Ricardo.
- E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença?
Um pássaro rompeu o cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.
- Esfriou, não? Vamos embora.
- Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos.
Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombro do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba.
Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.
- Que triste é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?
Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu melancólico.
- Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo?
- Mas já disse que o que eu mais amo neste cemitério é precisamente esse abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.
Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento.
- E lá embaixo?
- Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó- murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la. – A cômoda de pedra. Não é grandiosa?
Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.
- Todas estas gavetas estão cheias?
- Cheias?...- Sorriu.- Só as que tem o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe- prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado, embutido no centro da gaveta.
Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.
- Vamos, Ricardo, vamos.
- Você está com medo?
- Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!
Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado:
- A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato. Foi umas duas semanas antes de morrer... Prendeu os cabelos com uma fita azul e vejo-a se exibir, estou bonita? Estou bonita?...- Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente.- Não, não é que fosse bonita, mas os olhos...Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.
Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.
- Que frio que faz aqui. E que escuro, não estou enxergando...
Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.
- Pegue, dá para ver muito bem...- Afastou-se para o lado.- Repare nos olhos.
- Mas estão tão desbotados, mal se vê que é uma moça...- Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente.- Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil oitocentos e falecida...- Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel – Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti...
Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso.
- Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso? Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu?
Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás.
- Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco.- Detesto esse tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!
- Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta, tem uma frincha na porta. Depois, vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr do sol mais belo do mundo.
Ela sacudia a portinhola.
- Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente!- Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. - Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra...
Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.
- Boa noite, Raquel.
- Chega, Ricardo! Você vai me pagar!... - gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo.- Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos!- exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando.
- Não, não...
Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas.
- Boa noite, meu anjo.
Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.
- Não...
Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano:
- NÃO!
Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda

domingo, 21 de junho de 2009

Falando de amor...

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VIOLINOS NÃO ENVELHECEM

Rubem Alves


Eu a escrevi faz muito tempo --- uma estória de amor. Quem a leu, eu sei, não se esqueceu.
Por razão do dito pela Adélia: " o que a memória ama fica eterno". História de amor não inventada, acontecida, tão comovente quanto Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa. O que fiz foi só registrar o acontecido.
Preciso contá-la de novo, para benefício daqueles que não a leram pela primeira vez, e a fim de acrescentar um final novo, inesperado, acontecido depois.
A testemunha que me relatou o sucedido foi sobrinho, médico-músico, pessoa querida e bonita.
Atrasou-se para um compromisso na minha casa, chegou três horas depois, explicando que havia ido ao velório de um tio de 81 anos de idade que morrera de amor. Parece que seu velho corpo não suportara a intensidade da felicidade tardia, e os seus músculos não deram conta do jovem que, repentinamente, dele se apossara.
O amor surgira no tempo em que ele é mais puro: a adolescência.
Mas naqueles tempos havia uma outra Aids, chamada tuberculose, que se comprazia em atacar as pessoas bonitas, os artistas, os apaixonados --- esses eram os grupos de risco.
Pois ela, a tuberculose, invejosa da felicidade dos dois, alojou-se nos pulmões do moço, que teve de ir em busca de ar puro, no alto das montanhas, sanatório, tal como Thomas Mann descreve em seu livro -A montanha mágica.
Quem ia para tais lugares despedia-se com um "adeus", um olhar de "nunca mais".
Na melhor das hipóteses, muitos anos haveriam de passar antes do reencontro.
Imagino o sofrimento da jovem dividida: o corpo, naquela casa, a alma por longe terra!
Na vida daquela menina, que surda, perdida guerra... (Cecília Meireles).
Valeram mais os prudentes conselhos da mãe e do pai: não trocar o certo pelo duvidoso.
Vale mais um negociante vivo que um tuberculoso morto. E aconteceu com ela o que aconteceu com a Firmina Dazza, que de longe e às escondidas namorava o Fiorentino Ariza, na estória de Gabriel García Márquez Amor nos tempos do cólera, que foi obrigada pelo pai a se casar com o doutor Urbino: não se troca um médico por um escriturário. Casou e com ele ficou até que, depois de 51 anos, veio a libertação...
Ela casou. Ele casou. Nunca mais se viram. Quando ele tinha 76 anos, ficou viúvo. Quando ela tinha 76 anos (ele tinha 79), ela ficou viúva. E ficou sabendo que ele estava vivo. A curiosidade e a saudade foram fortes demais. Foi procurá-lo. Encontraram-se. E, de repente, eram namorados adolescentes de novo.
Resolveram casar-se. Os filhos protestaram. Eles, os filhos, todos os filhos, não suportam a idéia de que os velhos também têm sexo. Especialmente os pais. Pais velhos devem ser fofos, devem saber contar estórias, devem tomar conta dos netos. Mas velho apaixonado é coisa ridícula. Não combina. Mais detalhes no livro da Simone de Beauvoir sobre a velhice. E houve também aquela estória do programa Você decide: o velho pai, infeliz a vida inteira com a esposa, encontra uma mulher por quem se apaixona.
A pergunta: ele deve ou não deve deixar a esposa para viver o novo amor? Você decide... A decisão do público --- os filhos, evidentemente: "Não, ele não deve viver o novo amor..."
Os filhos sempre decidem contra o amor dos pais.
Mas, na nossa estória, os dois velhos deram uma solene banana para os filhos e foram viver juntos em Poços de Caldas. Viveram um ano de amor maravilhoso, e ele até começou a escrever poesia e voltou a tocar o violino que ficara por mais de 50 anos sobre um guarda roupa, porque a esposa não gostava de música de violino. Confessou ao sobrinho: "Se Deus me der dois anos de vida com esta mulher, minha vida terá valido a pena..." Bem que Deus quis. Mas o corpo não deixou. Morreu de amor, como temia o Vinícius.
Achei a estória tão bonita que a transformei numa crônica a que dei um título inspirado nas Sagradas
Escrituras: "... e os velhos se apaixonarão de novo".
Começa aqui o novo final para a estória.
Passaram-se semanas. Eram dez horas. Eu estava trabalhando no meu escritório. O telefone tocou.
Voz aveludada de mulher do outro lado.
--- É o professor Rubem Alves?
--- Sim, respondi secamente. Eu sou sempre seco ao telefone.
--- Quero agradecer a belíssima crônica que o senhor escreveu com o título: " ...e os velhos se apaixona-rão de novo". O senhor já deve ter adivinhado quem está falando....
--- Não, respondi. Por vezes eu sou meio burro. Aí ela se revelou:
--- Sou a viúva.
Foi o início de uma deliciosa conversa de mais de 40 minutos, interurbano, em que ela contou detalhes que eu desconhecia. O medo que ela teve quando ele resolveu mandar consertar o violino! Ela temia que os dedos dele já estivessem duros demais...
Ah! Que metáfora fascinante para um psicanalista sensível! Sim, sim! Nem os violinos ficam velhos demais, nem os dedos ficam impotentes para produzir música! E aí foi contando, contando, revivendo, sorrindo, chorando --- tanta alegria, tanta saudade, uma eternidade inteira num grão de areia... Ao terminar, ela fez esta observação maravilhosa:
--- Pois é, professor. Na idade da gente, a gente não mexe muito com sexo. A gente vive de ternura!

Aqui termina a lição do Evangelho

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Vale a pena assistir a esse filme

NEEL



Um testemunho de uma vida dançando ao vento suave de memórias embebidas num mar de amor e de esperança onde a água brilha incessante, lavando a mágoa e a dor de um mundo onde cada vez mais se acolhe a tristeza e cruel visão de anjos vestidos de negro descendo à terra, resgatando das inocentes mãos de doces almas a pureza e simplicidade de sonhos. Despedaçando verdades e corações, tatuando na sua essência a amarga raiz da incompreensão humana e material, do culto opressor e metafísico. Nell encontra-se sozinha na floresta. Perante uma linguagem que aprendeu a amar e a proteger, que é somente a sua linguagem com a alma que a habita, com a essência que a define como um ser único, utiliza-a na sua vivência diária, como modo de transmitir os seus conhecimentos e a visão que possui de um mundo criado sobre as suas experiências. O seu dialecto constitui o testemunho de uma vida a ela entregue num manto suave de amor e compreensão. Dois médicos acabam por descobrir uma “criatura” fascinante perdida no leito suave e acolhedor da floresta. Rapidamente se torna um objecto de estudo apetecível para os dois, não só pelo desejo de descoberta de tal acontecimento, assim como de possível factor impulsionador de uma carreira de trabalho.
No entanto um dos médicos, desempenhado por Liam Neeson, esconde em si objectivos muito mais nobres no estudo de Nell. A sua natureza social, os modelos comportamentais que moldaram a sua maneira de ver e sentir o mundo não lhe envenenam o discernimento mental e a capacidade de compreensão de uma diferença que obviamente não é sempre inferior. O médico preocupa-se com a pessoa, com o ser que esconde sonhos e desejos, uma essência e uma alma únicas. Nell não é para ele uma “selvagem”, que possui uma “linguagem destorcida”. Nell é uma pessoa, um ser que possui sentimentos e tem o direito à compreensão.
A cultura moderna hostiliza tudo o que não é conhecido. Tudo o que não pertence ao foro do culturalmente adquirido e aceitado historicamente é potencialmente perigoso e inconcebível. É efectivamente disto que se trata, atitudes profundamente mergulhadas num egocentrismo e xenofobia opressores. Porque mesmo não se tratando obviamente de uma cultura diferente, Nell possui uma visão única e suave do mundo, como lugar habitado por uma natureza resplandecente, que destila incessante e de um modo suavemente sedutor toda a beleza que lhe veste a essência. À noite banha-se nas doces águas do rio, fundindo o seu corpo puro com a natureza que a acolhe e a incentiva a respirar sem névoa ou malícia um perfume que lhe parece sempre único. De noite rejuvenesce contemplando a beleza virgem de uma lua imensa, que engole o horizonte com o seu brilho transcendental. A vida saboreando a Natureza. A inocência de um sorriso simples e sentido. Oásis de amor e de esperança bebendo da floresta a sua inspiração e força, num contacto profundo com a pureza do sentir. O colo da lua é o seu baloiço de sonhos, o seu caleidoscópio de ensinamentos entoados sobre o leito límpido da Natureza. Não precisa de mais nada. Não pediu mais nada.
Efectivamente “as atitudes, as condutas e os pensamentos são eles próprios o resultado da adaptação do espírito do homem às condições ambientes e uma resposta aos estímulos exteriores”, segundo J.B.Watson. O filme claramente bebe da teoria behavorista parte da sua força e poder argumentativo. A personagem de Nell constitui a imagem crucial e materializada de um ser que se adaptou ao ambiente que a rodeia, constituindo o seu espírito e a sua essência o reflexo desse mesmo ambiente. Os pensamentos e condutas que perpetua e que defende são resultado desse meio onde se encontra inserida. Recorrendo por outro lado a uma teoria apresentada por Piaget, “o conhecimento tem início quando o recém nascido, através dos seus reflexos que fazem parte da sua bagagem hereditária, age assimilando alguma coisa do meio físico e social. Daí provém sucessivas estruturações formando etapas características, chamadas estágios ou níveis de conhecimento”. Recorrendo a esta teoria apresentada e aplicando-a ao caso específico do filme comentado é fácil estabelecer uma relação precisa e concisa entre as duas realidades. Nell recebeu uma educação “especial”. Na sua diferença reside o foco incessante e doloroso de repudia e incompreensão social. Nell assimilou factores e aspectos essenciais do meio físico e social em que se encontrava mergulhada , e o qual lhe banhava a face e lhe oferecia a dádiva pura e simples da natureza, dos valores simples e afectuosos.
Os estágios e níveis de conhecimento a que a transcrição se refere, no caso preciso de Nell manifestaram-se de uma forma muito pouco comum. Embora pareça possuir um conhecimento insuficiente ( para as pessoas que se encontram perto dela, para a maioria da sociedade ), a realidade irá mostrar a essas mesmas pessoas que efectivamente caíram em erro e foram claramente prejudicadas por juízos preconcebidos de valor.
Quando o doutor observa pela primeira vez a beleza pura e simples de uma “criança selvagem”, proferindo palavras soltas banhadas num oceano sedutor e inocente de incompreensão, não deixa de ficar profundamente apaixonado pela visão que se depara perante os seus olhos. Porque sente nela algo de diferente, no espaço que os envolve nasce uma intimidade que os irá guiar durante todo o filme. Nasce uma relação de compreensão, densificada em manifestações ternas de carinho e de procura de entendimento mútuo. Ele não está ali ávido de um objecto de estudo, detentor de um qualquer objectivo específico e preciso. Está ali movido por uma curiosidade aguçada e a sua essência e alma vão ser encaminhadas para uma realidade que irá ultrapassar a mera curiosidade. Conforme cresce a relação entre o médico e a Nell, nasce também uma nova realidade para o coração do médico. Novos valores e ensinamentos tatuam a sua essência, ajudando-o a encontrar na sua alma, parte de si que nunca reconhecera. Nell utilizando o dom que a faz ser única consegue aproximar e renascer essências anteriormente parcialmente adormecidas num trabalho e numa sociedade opressora e egocêntrica. A sociedade, as definições, valores culturais e humanos que a pretendem compreender nunca o conseguem por intermédio da sua acção, porque efectivamente guiam os seus esforços não em prol da compreensão mas sim de uma demonstração hipócrita e egoísta de uma detenção de um conhecimento perfeito e imutável. É principalmente devido a esta cruel realidade que a doutora não consegue compreender Nell , quando a começa a conhecer. Porque não a quer conhecer. A essência individual que lhe banha a face, os seus ensinamentos e os seus sonhos e valores, não são o objecto de estudo tão pouco. São alvos a abater em nome do que está socialmente alicerçado, dos valores culturais correctos e admitidos. A pessoa, a essência de Nell é subjugada sob o nome da ciência, dos valores e conceitos que a mesma defende. Sob o nome de um modelo social que possui regras inflexíveis alicerçado num aparelho estrutural rigidamente construído. A nossa sociedade é cada vez mais sinónimo de incompreensão e hostilidade pela diferença. E muitas vezes não se preocupa ( o que é verdadeiramente assustador ) sobre as causas e significado dessa mesma diferença, ou mesmo se a mesma constituí algum perigo ou ameaça ao bom funcionamento da vida em sociedade, em defesa dos valores e normas comportamentais culturalmente aceites.
Como ameaça ao bom funcionamento de uma sociedade, todo aquele que demonstre através dos seus actos poder vir a tornar-se uma ameaça para esse funcionamento, obviamente terá que ser alvo de medidas coesivas e de vigilância. É esse o principal objectivo da ciência em relação a pessoas como a Nell. A repudia da via de entendimento sobre a sombra negra e disforme da coasão e do controle social. Obviamente que as coisas nem sempre são assim tão simples, e em alguns casos essa coasão é profundamente justificável em nome da vida harmoniosa em sociedade. No entanto Nell sente os corações. Nell tem na sua essência a pureza de um sentimento que guia a vida e comanda um sonho. Tem na sua alma as asas que oferecem voos rumo ao verdadeiro sabor da vida. Na sua pureza e inocência afrodisíacas encontra-se reflectida na sociedade a realidade antagónica. Sede humana de poder, de conhecimento como obtenção desse mesmo poder. Sabor desejado de glória e de cifrões escorrendo brilhantes numa vida ostensiva. Vomitando notas que compram almas e sonhos. Que compram uma vontade e corrompem a verdade. A ela nada disso lhe interessava. Apenas continuar a viver a sua vida, comunicando com a linguagem que lhe fora transmitida, com a qual conhecia parte do mundo natural. O mundo que a acolhia sob a forma belíssima de florestas e rios, folhagens macias ondulando ao vento. Sob a forma de uma casa de campo que a protegia do frio e dos perigos da vida. Uma visão tão límpida, tão pura, a que guiava a sua razão e o seu amor, a sua fé infinitamente divina na procura de um sonho lindo, aquele que lhe oferecia a visão suave e terna da sua irmã, confidente de brincadeiras e de corridas livres no coração da floresta. O sol beijando a sua face, o amor terno de quentura primaveril. O brilho sem medos. A pureza magnífica do sol, irmão da lua, companheiros de essência. A beleza de uma relação pura e imortal. Os anjos levaram o corpo da sua irmã, mas a essência vive eternamente dentro dela. Linguagem de amor, de união. Quando olhou para o espelho procurou transmitir essa mesma linguagem. Procurou repartir com o mundo uma realidade inocente e pura. A ciência não a compreendeu. Viu-se a ela e à irmã. Tudo para ela é uma infinita descoberta. Sabor de vida, paladar existencial e metafísico. Procuravam-lhe retirar isso tudo em nome de um conhecimento científico ávido de novas realidades e noções. Um conhecimento científico que em prol da sua necessidade de informação pretendia utilizar uma essência e individualidade como cobaia para a sua obtenção de informação. Converter uma essência que não queria ser convertida. Ditar intoleravelmente o que era melhor para Nell, sem sequer procurar compreendê-la ou ouvir a sua voz. Nell para a ciência será sempre uma “pessoa atrasada” , detentora de “uma linguagem destorcida”, “uma criança selvagem”. Criança selvagem como sinónimo de uma inocência. Inocência porque a sua essência se encontra imaculada da podridão humana e de tudo o que inspira repudia. Selvagem porque não tem água corrente, electricidade nem telefone. Porque vive no coração da Natureza, não conhece um carro, um avião. Não possui o conhecimento para sobreviver segundo os parâmetros superiores da sociedade moderna. Quem disse? Quem o pode afirmar peremptoriamente?
Ninguém. Ninguém o pode afirmar. Porque não conhecer a sua essência, procurar compreender o que habita na sua alma? Não, para uma ciência sedenta de teorias escorrendo em páginas virgens de papel Nell é somente um objecto de estudo, possível cobaia numa experiência , sinónimo de novas etapas do procedimento e informação científica. A diferença que nela habita é um alvo a abater sem qualquer pudor. É uma necessidade. Imagem de intolerância e incompreensão.
No filme, o médico transpira a necessidade de compreensão tatuada num afecto e intimidade louvável. A sua preocupação primordial passa pela protecção de uma essência e de uma alma que constitui uma individualidade angelical. Desprovida de sombras e simulacros corruptos, detentora de uma realidade que ultrapassa escárnio e sedes opressoras de glória e endeusamento, Nell é uma essência voando livre em busca de um amor e uma esperança que definem e dêem sentido a uma vida. É um caso raro nos dias que correm, onde a preocupação de viver cada dia respira nos nossos corpos. Ela procura voar sobre o tempo e a mágoa de sentir o espírito doente. Protege esse espírito e esses valores abraçando a natureza, procurando mostrar a quem se encontra disponível e aberto para tal, essas mesmas realidades tatuadas no seu rosto sedoso e na sua pele inocente e pura. O seu olhar é denso e penetrante, despindo a natureza, descobrindo nos seus trajes a beleza e pureza que a define. Nell desperta nos dois médicos o brilho que tinham escondidos dentro deles. Consegue fazer aproximar as duas essências através da realidade que guia a sua vida, imortalizada nos valores e na visão do mundo que possui. Aquela que é hostilizada pelos parâmetros da sociedade, aquela que é vítima de um desejo egocêntrico de destruição. Quando é levada para o hospital, o seu espírito adoece lentamente. A sua alma pede ajuda ao coração que sempre brilhou, indiferente a toda a escuridão adjacente à vivência humana alicerçada nos valores ditos “comuns”. Encontra-se aprisionada no desconhecido, nos valores que nunca pediu para conhecer, aqueles sobre os quais possuí uma pequena ideia mas que não quer densificar.
Remete a sua dor para o silêncio onde a sua essência se encontra mergulhada. E finalmente quando tem oportunidade para comunicar o perfume que molda a sua essência, fá-lo proferindo as seguintes palavras: “Não se olham nos olhos e têm fome de sossego(...)sei que todos se vão, todos se vão embora(...) não tenham medo por Nell, não chorem por ela,(...) não tenho tristezas maiores que as vossas”. Acordes de uma vida, de um sonho, de uma verdade. Conseguiu transmitir a sua visão porque o médico procurou compreendê-la. Conduziu todas as suas forças e energia em busca desse objectivo nobre. Quis conhecer verdadeiramente a sua essência, a sua razão e a verdade sobre os ditames da tolerância e compreensão. Ficou para sempre maior como Homem e como Ser. Aprendeu vivendo, compreendo, desejando essa mesma compreensão. Não hostilizou a diferença, a hipotética ameaça.
O filme transpira todos estes conceitos, esta realidade. Será tão difícil ao homem compreender a diferença? Mesmo que ela signifique pureza, beleza e simplicidade. Mesmo que ela traduza de forma inocente mas infinitamente sedutora uma visão e um amor que todos porventura podemos desejar? Perguntas soltas. As quais todos nós poderemos dar resposta. Através de acções. Através de um sentimento. Do entoar livre e sentido de uma canção. A da vida, esperança e amor. Compreensão moldada a tons de sonho. De direito à diferença, de uma individualidade. Poderemos para sempre sermos maiores. Poderemos aprender vivendo. Interactuando. Convivendo apaixonadamente com a Natureza e com quem nos rodeia.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

MITOLOGIAS Roland Barthes

SIGNOS DO MUNDO BURGUÊS

Mitologias, de Roland Barthes, tradução de Rita Buongermino e Pedro de Souza, São Paulo, Difel, 1982. Mythologies, Paris, Seuil, 1957. Reedição em livro de bolso, Seuil, 1970



Qual a razão de um intelectual refinado e já especializado como Roland Barthes, autor de um livro difícil como O Grau Zero da Escritura, se interessar por assuntos tão corriqueiros, anódinos e pouco culturais? Por impaciência, como ele mesmo explicou depois. Porque algo o incomoda profundamente no modo como esses mitos se veiculavam, na confusão entre Natureza e História sobre a qual eles se instalavam. O próprio desses discursos (fossem eles verbais ou icônicos) era apresentarem-se com uma aparência de naturalidade absoluta, como aquilo que simplesmente é assim, que o senso comum não discute, mas apenas aceita. Barthes resolveu dedicar total atenção a estes mitos partindo de observações quase óbvias, pois vai estabelecendo relações insuspeitas para o consumidor desprevenido, até que a notícia, o espetáculo, a imagem se revelam, de repente, como algo diferente daquilo que pareciam ser.
No livro tem-se o conceito de mito em seu sentido corrente de falsa evidência, de mentira aceita por uma comunidade. Os mitos que atraíam a atenção de Barthes eram certas representações da vida cotidiana, menores e aparentemente inocentes: uma notícia de jornal sobre as famílias reais européias, um texto qualquer de publicidade, espetáculos esportivos ou eróticos (a luta livre ou o strip-tease), fotografias de atores ou de políticos, enfim, o que ocupa o público médio em suas horas de lazer.
O autor analisa o embuste na própria forma de mensagem que, desmontada, revela sua artificialidade. Ora, a eficácia da mensagem ideológica reside justamente no fato de ela se apresentar como transparente, sem nenhuma intenção. Apontar o arranjo oculto de suas formas naturais é fazer desmoronar no ato as idéias que ela veicula. O próprio Barthes declarou em entrevista, que o leitor ficará mais desconfiado daquilo que se consome como informação ou lazer inofensivos. Estes argumentos demonstram que as mitologias são, realmente, uma ginástica ou um estimulante da inteligência.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Para refletir sobre educaçaõ!!!

Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais, políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam”.


(PauloFreire)

sábado, 13 de junho de 2009

Uma rosa para a Rosa

Para mnha professora querida

Professora Rosa, seu talento, sua competência profissional, sua metodologia de ensino, seu jeito de nos cativar a todos,foi para nós suporte teórico e prático de como deve ser e agir um professor em sala de aula. Que Deus a ilumine e agradeço pela convivência! Que a primavera a traga de volta para colorir nossos dias em setembro. Seu aluno preferido...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Desenhando destinos

Meus queridos, Acordei em mim a palavra saber e a trouxe para dar de
presente a vocês.
Saber faz-me pensar em sábio, sabedoria, vivência...
Saber não está contido somente nos livros ou na escola.
Saber se acumula! ( Não gostei dessa palavra.) Acumular parece algo difícil de carregar, pesado.

Saber é flor que colore a vida vai virando frutos e os frutos se multiplicam, amadurecem, ficam doces, saborosos.
Saber e sabor confundem-se com o riso, com a lágrima, com o nascer do sol, com o pôr do sol...
Saber é sabor de beijo, de desejo. Saber e sabor se descobre no luar, na chuva, no frio, no desafio.

Saber não pode ser fechado no quarto escuro da vaidade ou do egoísmo.O saber deve servir para
Postado por rosadaserra às 21:06 0 comentários
fiosedesafiosgestarpernambucano
QUINTA-FEIRA, 11 DE JUNHO DE 2009
Saber não pode ser fechado no quarto escuro da vaidade ou do egoísmo.O saber deve servir para fazer o sábio mais feliz e que sabiamente, ele possa fazer o outro mais feliz.
sábios e queridos formadores, essa palavra que acordei em mim e entreguei a vocês, deseja encontrar abrigo em outros corações. Os sábios florescem caminhos, desenham destinos.
Meus amados, acordem em vocês outras tantas palavras e caminhem presenteando pessoas ao longo da caminho. Palavras que cruzem rios, mares e cheguem ao lugar mais nobre e sublime a que se pode chegar: na alma, na vida das nossas crianças e de nossos jovens.

É esse o objetivo do GESTAR.
Cada um de vocês é portador da palavra que há de transformar o destino e desenhar novos caminhos e novos jeitos de caminhar dos alunos, em cada canto de nosso Brasil.

Aula Inaugural de Afonso Claudio



Intuição
Osvaldo Montenegro

"Canta uma canção bonita,
falando da vida em ré maior
Canta uma canção daquelas
de filosofia e mundo bem melhor
Canta uma canção que aguente essa paulada
e a gente bate o pé no chão
Canta uma canção daquelas, pula da janela,
bate o pé no chão
Sem o compromisso estreito de falar perfeito,
coerente ou não
Sem o verso estilizado, o verso emocionado,
bate o pé no chão.

Canta o que não silencia
é onde principia a intuição
E nasce uma canção rimada
da voz arrancada ao nosso coração
Como, sem licença, o sol rompe a barra da noite
sem pedir perdão
E hoje, quem não cantaria, grita poesia
e bate o pé no chão."


Esta foi a música que eu apresentei na aula inaugural do Gestar de Afonso Claudio. É que não houve turma formada em Santa Maria, por isso agora sou formadora em Afonso Claudio.

Foi bem legal, a turma foi bem receptiva. Nosso primeiro encontro para estudos será em 27/06.

Abraço carinhoso a tod@s.

Elisa Alves

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A leitura do mundo precede a leitura da palavra

PRIMEIRA LIÇÃO

Na escola primária
Ivo viu a uva
e aprendeu a ler.

Ao ficar rapaz
Ivo viu a Eva
e aprendeu a amar.

E sendo homem feito
Ivo viu o mundo
seus comes e bebes.

Um dia no muro
Ivo soletrou
a lição da plebe.
E aprendeu a ver.

Ivo viu a ave?
Ivo viu o ovo?
Na nova cartilha
Ivo viu a greve
Ivo viu o povo.
Lêdo Ivo

artistas do GESTAR





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Primeira atividade: Envelope de Linguagens
Estudo do TP3. Tipologia e gêneros textuais.
Teoria e Prática.

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