segunda-feira, 31 de agosto de 2009

PINHEIROS-ES


Cursista Aline socializando o avançando na prática da unidade 16 TP 4.


Formadora Sandrina e as cursistas do Gestar II - Pinheiros-ES. Momento de descontração.



Cursista Tatiane socializando o estudo individual da unidade 17 TP 5.

Cursistas Reni e Evanúzia. Momento profundo de aprendizagem.


Cursista Cléia na elaboração do trabalho da unidade 18 TP 5.


Cursistas Aline, Júlia e Evanúzia na oficina da unidade 18 do TP 5. São excelentes!





Cursistas Cléia e Simone da elaboração do trabalho em grupo da unidade 18 TP 5.










Formadora Sandrina e as cursistas do Gestar II - Pinheiros-ES.






Confraternização - Encerramento do TP 5.





Cursista Luzineide apresentando o trabalho da unidade 20 do TP 5.


Técnica da pescaria para socialização dos estudos individuais da unidade 19 do TP 5.







Cursista Luzineide participando da técnica da pescaria.

domingo, 30 de agosto de 2009

Encontros 5 e 6 – Afonso Cláudio





RELATÓRIO
22 de agosto de 2009


MANHÃ – UNIDADES 15 e 16

No encontro anterior, eu havia avisado que assistiríamos ao filme “Narradores de Javé” na data de hoje, e perguntei se preferiam fazer isso pela manhã ou à tarde. A maioria preferiu a tarde, então eu planejei cumprir as unidades 15, 16 e 17 nesta manhã. Mas não foi possível, como se verá. Eu tinha também algumas questões de provas de concurso para nível médio. Eu tinha me comprometido a apresentá-las, devido à fala pessimista de um cursista no encontro passado. Nesta data, entretanto, ele não estava presente, e eu, então, protelei essa discussão para o próximo encontro.

Iniciamos o encontro às 8:15h, com comentários e observações sobre o que se estudou em casa.

Às 8:30h, demos início aos relatos de experiências com as atividades intituladas Avançando na Prática. Diferentemente da primeira parte, todos quiseram falar, contando o que fizeram. Alguns demonstraram bastante entusiasmo pelos resultados, o que levou outros colegas a expor suas angústias. As realidades são muito diversas: escolas nada flexíveis quanto ao cumprimento do programa; turmas desmotivadas, cortejando a evasão; uma turma de sétima série tem nove alunos, e são todos rapazes; outra tem alunos de 18 a 29 anos, dentre os quais alguns são semialfabetizados. Há também professoras usando as atividades com o Ensino Médio, e outras poucas com as séries iniciais.

Recomendei que as atividades fossem adaptadas para cada realidade. Às vezes será necessário utilizar textos diferentes dos propostos nos TPs, com assuntos mais relacionados aos interesses e à realidade de cada turma.

Quanto ao programa, lembrei-lhes que os conteúdos em Língua Portuguesa não precisam seguir uma sequência linear. Assim, é possível incluí-los nas atividades propostas pelo Gestar, ao invés de considerar estas últimas como mais uma meta a cumprir em sala de aula.

Foi um momento muito rico, em que os cursistas puderam aprender uns com os outros, e em que eu também pude dividir com eles um pouco do muito que experimentei e aprendi, em mais de vinte anos de docência.

Foi rico, mas também foi demorado. Eu não quis interromper, porque foi a primeira vez em que a turma mostrou-se tão entusiasmada para compartilhar. Quando não havia mais ninguém com vontade de falar, eu compartilhei com a turma a minha preocupação com o nosso atraso, a avaliação positiva que eu fazia daquele momento e sugeri que, nas próximas vezes, cada um selecione – da sua experiência – aquilo que pode contribuir para a discussão, a reflexão e o crescimento do grupo, evitando relatos que visem apenas à comprovação do cumprimento das tarefas. Essa comprovação vai se dar, de qualquer forma, por meio da entrega dos relatórios que comporão o portfolio de cada um.

Às 10 horas, saímos para um rápido café e, às 10:15h, utilizando slides, iniciamos nossa conversa sobre os objetivos da unidade 15 e sua teoria, e partimos para a leitura do texto “Admirável Mundo Louco”, de Raquel de Queiroz, fazendo os comentários precedentes.

A atividade que propus foi a classificação das perguntas apresentadas sobre o texto e a discussão da pertinência da atividade 9a.

Às 11horas, também com slides, passamos para a unidade 16, e realizamos em grupo a leitura dos textos de Gabriel, o Pensador; Leo Cunha; Lygia Fagundes Telles; Lygia Bojunga Nunes, bem como o texto teórico da página 165 do TP4, que trata das crenças sobre a produção escrita. A discussão seguinte foi: “Em qual dessas crenças eu me encaixo?” Durante as falas dos participantes, foi levantada a necessidade de a escola oferecer situações diversas para a produção de textos, que se aproximem das necessidades sociais.

Então, correndo contra o tempo, às 11:45h lemos o texto e as questões propostas pela atividade 7, na página 185 (Profetas do sertão miram horizonte para farejar chuva).

Em seguida, com um pequeno atraso, saímos para o almoço.


TARDE – NARRADORES DE JAVÉ E UNIDADE 17


Narradores de Javé é um filme muito interessante, mas a maioria de nós só consegue levantar questões educativas e sociais numa segunda vez que assiste a um filme – qualquer que seja ele. Assim, seguindo o caminho inverso, fizemos, antes do filme, a leitura da resenha de Antônio Gil Neto, e cantamos o poema de Ferreira Gullar, “Traduzir-se”, às 13:10h.

13:30h, exibição do filme “Narradores de Javé”.

O filme foi um sucesso. Tecemos comentários gerais sobre ele e depois levantamos algumas possibilidades pedagógicas.

Às 15:40h demos início à unidade 17. Dividimos os personagens para a leitura do texto “cada um é cada um”, da Folha de São Paulo, pág. 15 do TP5.

Discutimos, em seguida, aspectos relacionados à repetição e lemos os textos das páginas 29 (Berimbau) e 32 (indo à sala de aula).

A atividade seguinte foi muito interessante: a produção, em grupo, de um texto com palavras pouco comuns (muxuango, hermeneuta, vituperado, defenestração, perfunctório, falácia, ignóbil, sibilino, uxoricídio e apoplexia). Socializamos as produções, lemos os texto “Palavras são palavras” (p. 36) e levantamos variações possíveis de uso da atividade na escola.

A tarde chegava ao final, e encerramos o encontro identificando as ocorrências de discurso indireto livre no texto “Nunca é tarde, sempre é tarde” (p. 43).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009



SOMOS FERAS
CADA UM NO SEU MOMEMTO
SOMOS PINTADOS
CADA UM COM SUA COR
SOMOS guerreiros
CADA UM COM SEU TOM
SOMOS CORAJOSOS
CADA UM NO SEU ESPAÇO
SOMOS SOBREVIVENTES
TODOS JUNTOS NA EDUCAÇÃO
Profª. ANGELA VIEIRA

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Álibi

Se eu soubesse da existência do Césio

Teria me mudado da Terra

Se eu notasse em sonhos, destroços,

Não teria participado dele.

Se eu ouvisse o silêncio dos surdos,

Teria gritado com eles.

Se eu enxergasse com os olhos de um cego,

Teria visto “Deus” no trono.

Se eu não conhecesse o Homem,

Teria crido nos construtores da paz.

Se eu acreditasse na vida,

Não teria tentado dar fim à minha.

Se eu ganhasse afeto,

Não teria deixado essas palavras com fel.

Se eu soubesse...Ah, se eu soubesse...

Não teria vindo dessa geração de crianças traídas

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Várias formas de falar

Variedades linguísticas diversas na fala de uma só pessoa em um mesmo momento. No vídeo "Violentamente pacífico", MC Léo Carlos posiciona-se de forma contundente ante as injustiças sociais, de que ele próprio é vítima. Entretanto, não é por isso que este vídeo está aqui. Num espaço privilegiado de professores, é, no mínimo, surpreendente a forma com que ele usa a Língua Portuguesa. É verdade que muitos de nós aprendemos a variedade padrão na escola e passamos a vida usando ora nossa “variedade materna”, ora a língua da escola. Mas em que situações usamos as duas, ao mesmo tempo? E mais de duas? Léo Carlos faz uso de termos como “Letal”, “os guetos de Varsóvia”, “acessibilidade”, faz uso do subjuntivo plural, como “invertêssemos” e “que sejamos”, e junto com tudo isso emprega a gíria “trampo”, chama seu interlocutor de “velho”, de “brother”, além de usar a concordância mais comum neste país: “os cara que te força”. É uma escolha agir assim? Seria o caso de querer ficar bem com quem tem poder, sem dar as costas a sua comunidade?

domingo, 2 de agosto de 2009

Narradores de Javé: uma fábula que vai ao fundo da memória genuína e brasileira.

Como todo grande filme, Narradores de Javé nos envolve numa trama bonita, poética e irreverente. E traz assuntos polêmicos, atuais e dignos de serem discutidos.

Alguns clichês do cinema brasileiro como filmar o Nordeste, fazer cenário em uma pequena cidade com seus tipos e tratar da desigualdade social são alguns aspectos presentes nesse filme. Mas, são trabalhados de maneira inteligente, irônica e, ao mesmo tempo, sutil e encantadora. Poderia caracterizar Narradores de Javé como sendo um filme espetacular. Só mesmo assistindo para saber.

É o que se pode imaginar desde o apresentar dos créditos iniciais são: uma vírgula imperadora e camaleônica surge na tela e uma trilha musical irreverente dá seu ar e graça.Logo, a vírgula teimosa vai virando os dois pontos já conhecidos, sobretudo pelos escolarizados. Depois vem um ponto final floral que, nos trejeitos melódicos, nos nomes inaugurando-se na tela e no olhar festivo do espectador vira ideograma japonês vermelho e babilônico. Surgem então outros nomes e reticências dinâmicas, como bolas de bilhar se alternando, parecem anunciar o que virá: um jogo do destino feito de histórias pinceladas de nossa própria vida que nos une e nos congrega silenciosamente.

Tudo começa, nesse jogo destinado a espectadores felizes, com um personagem vivente e anônimo, que perde um barco e sua viagem. E nessa parada da vida, nessa perda, nesse novo lance, fica à margem de outra viagem, outro jogo a ser vivido: a Saga dos Narradores de Javé.

Nesse ponto de espera uma das frases ditas por um dos personagens -eu mesmo, que não sou das letras vou contar um causo e acho que vocês não vão querer ouvir- inicia a nova viagem: embarcamos todos na trama do filme, mergulhamos nos tempos: o atual, o passado e o imaginário. E nas vidas distintas dos personagens, os moradores de Javé, vilarejo encravado no sertão nordestino, um povoado que parece ainda se situar na Idade Média em tempos de globalização e modernidade.

E na espera do outro barco, do novo dia, vamos revivendo a história desse lugarejo em múltiplos flasbacks que revisitam os íntimos de seus acontecimentos, bordadas pelos depoimentos das memórias de seus moradores. Ficamos orgulhosos de usufruir o trabalho dos atores nas suas mais singelas representações.

Javé, lugar iluminado pelas lembranças e relatos, pelos testemunhos e vivências vê-se subitamente carente de importância, pois seus moradores se apercebem que a riqueza de suas histórias foi esquecida pelo oficial e pelas letras. Pior: prestes a sucumbir, se vêem ameaçados de verem a igreja e seu campanário desaparecerem sob as águas avassaladoras pretendidas pelo progresso tão imperativo e desalmado, na forma de uma represa em e de uma usina hidrelétrica na região.

Assim, sem tábua de salvação, resolvem lutar para impedir o que está por acontecer. Do contar e recontar os causos da história do vilarejo e do resgate dos feitos dos antepassados eles organizam uma ação possível para dar importância ao lugar. E, sobretudo impedir que um lugarejo como aquele desaparecesse sem deixar nenhum rastro, vestígio ou comprovante de vida ilustre.

Nesse contexto é que entra em cena o personagem Antonio Biá, o carteiro da agência de correios de Javé. Fora rechaçado e tripudiado por todos do vilarejo pelo fato de ter escrito e enviado cartas com histórias mais ou menos inventadas a partir da vida dos moradores, movimentando assim a sede dos correios de Javé que estaria fadada à extinção, por conta da ausência de moradores alfabetizados.

Mediante a nova situação de desespero geral, com a estratégia de contar e escrever o oficial e científico como única perspectiva de salvarem a vida do lugar, Biá passa a ter o poder de escrivão.

Como salvar uma terra apalavrada? Como consignar valor à divisa cantada, da posse de terras passadas de pai para filhos sem o oficial dos cartórios, dos carimbos, dos datados e assinados?

Desse dilema nascem e renascem as diferentes versões das tantas lembranças, vivências e percepções presentes nos relatos dos personagens: a odisséia de Javé.
No emaranhado entre a ficção e a realidade vai se construindo a trama do filme, rica em sensações, paisagens, palavras, imagens, tons e cores da linguagem brasileira. Vai se desenhando o projeto de resgate histórico, através do registro das memórias dos seus moradores, os narradores de Javé.

Da colheita dessa narrativa vivida, lembrada, cantada e falada nascerá o livro da salvação? Vivemos todos os momentos tragicômicos no escurinho do cinema com as nossas maiores esperanças.

Eliane Caffé, a diretora do filme e seu elenco ímpar (José Dumont, Nelson Dantas, Nélson Xavier, Rui Resende, Gero Camilo dentre tantos), nos trazem, com criatividade e sutileza, momentos prazerosos de diversão, cultura, arte e alguns elementos importantes para a nossa reflexão: a questão do progresso, da memória e da relação entre oralidade e escrita. Um ponto alto que nos toca no silêncio da emoção é a importância dos indivíduos na História e o valor da memória na vida de um povo.

Há muitos méritos no trabalho da equipe que realizou o filme. Sabemos que Javé, na realidade é Gameleira, cidadezinha baiana, com cerca de 2000 habitantes e que, pelo menos até a época da filmagem, não sabia o que era coleta de lixo. Sabemos que muitos desses habitantes são figurantes e atores do filme.E que se adentraram com a mais absoluta pureza no processo criativo, juntamente com os atores profissionais, que puderam nesse compartilhamento consignar leveza e frescor na verdade de cada um dos personagens.Sabemos também que o roteiro original foi construído com base nos relatos colhidos em territórios brasileiros, mais precisamente no interior mineiro e baiano: as chamadas expedições da memória.

Outros aspectos importantes podem ser destacados nesse filme, depois de nos aventurarmos de corpo e alma e sexto sentido nesse drama encantador.

Um deles, que me foi caro no papel de espectador e educador, diz respeito ao valor e a importância que se dá ao que é escrito em detrimento ao que é falado. No desenrolar do filme também vamos nos apercebendo de uma outra questão importante: a interferência do narrador na história. Nos é demonstrado que existe uma história oficial (a dos livros escolares ou oficiais) e a história dos excluídos.Sabemos que uma história escrita num livro pode ser diferente da história verdadeira, pois é contada sob a ótica de quem a escreve ou narra. É como diz Biá num dos momentos de oficializar o que foi cantado e falado por tantas vozes e tempos: uma coisa é o fato ocorrido, outra coisa é o fato escrito. Ao escrever ou narrar um fato, o autor insere nele suas próprias emoções e interpretações, seus sentimentos e experiências de vida, inventa dados e floreia fatos, pois, de acordo com o famoso ditado popular, quem conta um conto aumenta um ponto.

Ficamos nos perguntando se, com o resgate da memória coletiva, através da memória individual, o Vale de Javé ficará livre de seu destino de ser coberto pelas águas do rio. Ou seja, se a estratégia inusitada de escrever um dossiê que documente os "grandes" e "nobres" acontecimentos da história do povoado justificaria a sua preservação. É que na construção deste dossiê o que ocorre é um duelo poético entre os contadores que disputam com suas versões históricas, fantásticas ou lendárias, o direito de configurarem o patrimônio de Javé.

Narradores de Javé é um filme completamente marcado pela memória, uma memória mítica, produzida pela fala, pela narração. Uma memória dinâmica que suscita o jogo da memória coletiva com a individual, do passado com o presente e o futuro, mostrando a importância da relação entre eles.

Um outro aspecto interessante no filme é a relação entre oralidade e escrita. Vale do Javé é uma comunidade essencialmente oral. A divisão e a apropriação de terras, por exemplo, eram cantadas, ou seja, era o canto que legitimava sua posse e não um documento oficial.

Outra questão abordada pelo filme tem a ver com a destruição e os problemas causados pelo progresso. No caso, a destruição de um grupo, da memória e da cultura de um povo. E isso nos faz refletir sobre a desigualdade social em nosso país, já que a narrativa de Javé reproduz a história de um dos tantos grupos oprimidos.

Ainda mais um aspecto interessante do filme é a variedade linguística do Português. O modo de falar dos personagens, as expressões utilizadas por eles, evidenciam as variações dialetais e as variações de registro que revelam todo um conjunto de informações sobre os personagens e nos envolvem e nos fazem identificar com o mundo vivido por eles.

Uma coisa é coisa acontecida. Outra é coisa escrita. O escrito melhora o acontecido. Com mais este dizer de Biá podemos perceber o papel e o poder que lhe é outorgado, na medida em que passa a ser o escritor. Fiquei pensando, agora que escrevo sobre o filme, no poder que se abre a um memorialista, por exemplo, quando ouve as palavras do personagem e entrevistado e cria, no seu escrito, o que chamamos de memórias literárias: um misto e amalgamado de realidade e ficção que se forjam numa só linha e entrelinha, para dar sentido, significância e beleza.

Poderíamos nos perguntar, diante de quaisquer versões apresentadas de um único fato ou história: qual delas é a que vale?Mais ainda: qual das culturas é a melhor?Em qual das religiões Deus é mais verdadeiro?

Penso eu que sempre nos deparamos com uma situação similar à dos narradores de Javé,
tentado salvar o que somos, destacar a nossa glória e a nossa luta frente ao que nos é valoroso. Sempre estamos tentando salvar o sino que brada a nossa voz e guarda simbolicamente as marcas da História para ser novamente inaugurado em um novo lugar.

(Antonio Gil Neto)

[Publicado em: 23/07/2009, no blog da Comunidade Virtual Escrevendo o Futuro (Olimpíadas de Língua Portuguesa) http://escrevendo.cenpec.org.br]

sábado, 1 de agosto de 2009

O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO

É tempo de cada um se ver como o operário que é.
Como educadores que somos, temos muito a construir.
“Coisas, objetos, produtos, manufaturas”?
Pessoas.

E, sim, deixamos em cada uma delas a marca de nossa mão.
Que não seja uma marca negativa.
Que não seja uma marca ao acaso.
Que seja uma marca digna das vidas que se constroem ao nosso redor.
E que nos marque de volta, e nos retroalimente e nos faça construtores também de nós mesmos.
(Professora Elisa Alves)


O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
Vinícius de Moraes


[E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe
num momento de tempo todos os reinos do mundo.
E disse-lhe o Diabo: - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória,
porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero;
portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
- Vai-te Satanás; porque está escrito:
adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vers. 5-8]


Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
- “Convençam-no” do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

“Loucura!” - gritou o patrão
“Não vês o que te dou eu?”
“Mentira!”- disse o operário
“Não podes dar-me o que é meu.”

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção

RELATÓRIO – Encontros 3 e 4 – Afonso Cláudio

SEDU – ES
SRE Afonso Cláudio

Gestar II – Língua Portuguesa

Formadora: Professora Elisa Alves

RELATÓRIO

25/07/09, de 08h às 12h – Encontro 3 (unidades 11 e 12)


O encontro começou com os grupos apresentando o resultado final, em slides, dos textos minimalistas que criaram na data anterior. Os ritmos explorados foram: rock, bolero, funk e samba. Foi interessantíssimo. Um espetáculo de cores, som e criatividade.

Em seguida, iniciamos os comentários sobre os estudos feitos em casa. Houve poucos, o que se configurou como um sinal de que ou não houve estudo em casa, ou o material está todo muito claro.

Passamos, então, aos relatos do que foi posto em prática nas escolas. Ao contrário da expectativa, pouquíssimas pessoas se manifestaram: foram três relatos completos e dois de atividades que ainda não haviam sido concluídas. A turma admitiu que não teve condições de realizar nenhuma atividade na escola. Parece que o fechamento do 2º bimestre e o recesso escolar foram a explicação mais palpável.

Entretanto, um dos portfolios apresentados nos deixou impressionados. A partir dos textos sugeridos no encontro anterior (“O Operário em Construção” e “Construção”) uma professora realizou uma atividade com suas turmas, sobre o tema “trabalho”. O que nos impressionou foi a quantidade de textos que ela utilizou para isso. Como forma de ampliar ao máximo o alcance de visão de seus alunos ela incluiu fábulas, contos, artigos e outros tantos gêneros para a leitura de seus alunos e o desenvolvimento do projeto. Seu relato circulou entre o grupo, servindo de ânimo e motivação para todos.

Dessa forma, passamos às atividades previstas para a oficina.

Primeiramente, houve uma breve introdução dos assuntos das unidades 11 e 12, a título de apanhado geral de leitura. Fizemos a seguir a atividade 4 da unidade 12 sobre trecho de crônica de Luiz Fernando Verissimo. Discutimos as respostas e foi muito interessante a conclusão de que a nomeação das sequências num texto não é exata, bem como os comentários sobre como explorar esse tipo de atividade em sala de aula.

Depois disso, num momento de prazer, lemos os depoimentos de Luiz Vilela e de Lygia Fagundes Telles sobre o ato de escrever, com os devidos comentários dos participantes.

E para encerrar o encontro, a atividade seguinte baseou-se no exemplo dado no início da unidade 12, a saber, o cartão postal e a carta de solicitação, escritos pela mesma pessoa em situações diferentes. Fizemos assim a atividade 7, na página 161, elaborando textos diferentes – porque o suporte é diferente – para tratar do mesmo assunto, com a mesma pessoa. A apresentação dos textos foi um momento de descontração, e saímos para o almoço.


25/07/09, de 13h às 17h – Encontro 4 (unidades 13 e 14)


Como na parte da manhã, já havíamos esgotado os relatos do “Avançando na Prática”, iniciamos o encontro com a reflexão sobre as práticas de escrita de cada um, proposta na atividade 1 da unidade 11. Ligamos nossos depoimentos aos de Patativa do Assaré e Paulo Freire e discutimos o conceito de letramento.

Para nos animar, pelo horário logo depois do almoço, cantamos a música Baião, de Luiz Gonzaga, e nos dividimos em grupo para realizar a atividade seguinte: planejar brevemente uma aula, utilizando o texto indicado para preparar os alunos para a escrita; transcrever as habilidades que serão enfatizadas na aula. Esse planejamento foi feito a partir da escolha de um dos seguintes textos:

Baião – música de Luiz Gonzaga
Soy loco por ti, America – Cartaz do Brasilia Shopping
Você lembra, pai? – texto de D. Munduruku
Herança africana – artigo da Folhinha de São Paulo
Nossas Cidades – texto de L. Lobo
Cidadezinha qualquer – poema de C. D. Andrade

Findo o tempo estipulado, cada grupo apresentou sua aula. As ideias foram excelentes, bem criativas, nada monótonas e, embora alguns grupos tenham escolhido o mesmo texto, não houve coincidências de procedimentos metodológicos.

A discussão foi, em certo momento, acalorada pelo comentário angustiado de um dos cursistas. Ele disse: “Tudo isso é muito bonito, muito bonito, mesmo. Mas nossa realidade nessas escolas de interior é muito dura. Nossos alunos deixam a escola por causa do trabalho duro na roça. E estudar a gramática ainda é importante, sim, porque ela é cobrada nos concursos.”

Esperei que todas as aulas fossem apresentadas e reiterei a necessidade de olharmos além dos problemas. É preciso canalizarmos nossas energia para a busca de soluções! Comprometi-me a levar para o próximo encontro questões de português presentes nos concursos atuais, para ilustrar o quanto o uso da língua tem sido muito mais importante do que o conhecimento gramatical e citei o escritor Érico Verissimo, para lembrar que é nosso papel manter acesa nossa luz.

A tarde chegava ao fim e comentamos coletivamente a atividade 3 da unidade 14, para lembrar que as interpretações são abertas, mas que nem tudo é aceitável; indo depois para o texto “A cidade”, de Millôr Fernandes, para falar sobre a importância do conhecimento prévio.

A última atividade foi uma avaliação escrita do encontro e do curso como um todo.

RELATÓRIO – Encontros 1 e 2 – Afonso Claudio

SEDU – ES
SRE Afonso Cláudio

Gestar II – Língua Portuguesa

Formadora: Professora Elisa Alves

RELATÓRIO

04/07/09, de 08h às 12h – Encontro 1 (unidade 9)

Muitos dos cursistas, neste dia, estavam vindo pela primeira vez e, portanto, sem conhecer o material. Poucos haviam dado início às leituras e atividades.

Assim, decidimos por fazer o estudo da unidade 9 durante a manhã e da unidade 10 à tarde, para conseguir o envolvimento de um número maior de cursistas

Após essa sondagem inicial da situação de cada um para com o curso, reapresentei os avisos, as regras, enfim, o guia geral do curso.

Em seguida, as duas únicas professoras que haviam dado início às atividades – conforme solicitação da aula inaugural e do blog – fizeram o relato de suas primeiras experiências e compartilharam com todos seu portfolio apenas iniciado.

A partir de então, começamos o estudo dos gêneros textuais, com slides e comentários coletivos.

A primeira atividade foi a elaboração de textos em gêneros diferentes, a partir de texto descritivo sobre uma casa: a casa de Eduardo.

Depois dos textos apresentados, lemos os conceitos presentes no livro, bem como as sugestões de atividades, e encerramos o encontro lendo o texto de Luiz Antônio Marcuschi.





04/07/09, de 13h às 17h – Encontro 2 (unidade 10)

Na parte da tarde, a coordenadora dividiu com os cursistas e formadores a dificuldade que estava encontrando, junto à Sedu, para manter os encontros durante todo o dia de sábado. Muitos cursistas, então, manifestaram sua impossibilidade de continuar o curso, pelo quão dispendioso ele se tornaria, com encontros quinzenais. A coordenadora comprometeu-se a manter o diálogo com a Sedu e voltamos às atividades. Entretanto, durante a tarde, vários de meus cursistas me pediram que entrasse em contato com eles, caso os encontros passassem a ser quinzenais, para que pudessem oficializar sua desistência.

Continuamos, dessa forma, estudando os gêneros, seguindo a unidade 10.

Lemos o poema de Drummond, bem como seu texto sobre as lavadeiras de Moçoró e fizemos a atividade 3.

Depois, lemos o Tango – texto minimalista apresentado em slides – e os cursistas, divididos em grupo, criaram outros textos, dentro do mesmo princípio, cada qual com um ritmo diferente.

Não havia computadores para todos, então, os grupos fizeram suas apresentações com papel, mesmo, explicando suas ideias e levando como tarefa de casa a concretização delas em slides.

Para estudar o gênero poético, sugerido pelo livro, fiz declamação do texto completo de Vinicius de Moraes “O operário em construção”, seguida do canto da música “Construção”, de Chico Buarque. Foi um momento de muita sensibilidade, que inspirou os comentários do grupo e o encerramento, quando tocamos rapidamente na literatura de cordel.

RELATÓRIO – Aula inaugural – Afonso Claudio

SEDU – ES
SRE Afonso Cláudio

Gestar II – Língua Portuguesa

Formadora: Professora Elisa Alves

RELATÓRIO

06/06/09, de 13h às 17h – Aula inaugural

O encontro teve início com a fala da representante da SER, da coordenadora do Gestar em Afonso Cláudio e do Secretário Municipal de Educação de Afonso Cláudio.

Com o uso de slides, foram dados todos os informes sobre o Gestar II, por mim, de língua portuguesa e pelo professor Pablo, de matemática.

Como Afonso Cláudio é uma superintendência que agrega municípios muito distantes uns dos outros, e o deslocamento se torna oneroso para muitos professores, um grupo significativo de cursistas sugeriu que nos encontrássemos uma vez por mês, fazendo dois encontros a cada sábado.

A superintendência acatou a sugestão a título experimental, sujeita a uma avaliação do rendimento dos encontros e da seriedade no cumprimento do horário.

Encerramos o encontro com música. Ao som de um violão, e acompanhando a letra com um data-show, cantamos Intuição (de Oswaldo Montenegro), Aquarela (de Toquinho e Vinicius) e a paródia de Aquarela, elaborada pela turma de formadores do Gestar II no Espírito Santo.

Sob a luz de Érico Verissimo

A vida sempre foi difícil, porque seu outro lado é a morte. Sempre houve a luta do bem contra o mal. Parodiando Érico Verissimo, é nosso papel, como educadores, manter acesa nossa luz, para que as pessoas que convivem conosco possam enxergar a diferença entre mal e bem, entre morte e vida, e fazer a escolha certa.
(Professora Elisa Alves)

"Tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades é acender sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Se não tivermos lâmpada elétrica, acendamos nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como sinal de que não desertamos nosso posto." (Érico Verissimo)

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