sexta-feira, 4 de junho de 2010

GESTAR II - A fruta aberta



Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore
plantada bem alta no meio da minha vida.
Thiago de Mello
(Postado por Elisa Alves)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

RELATÓRIO - Encontros 19 e 20 – Afonso Cláudio - 22 de maio de 2010




MANHÃ – UNIDADES 07 e 08

Nosso último dia começou com muitas dúvidas sobre a forma de apresentação dos projetos. Apesar de toda a orientação ao longo do curso e das diversas consultas que fizemos à página 51 do Guia Geral, foram muitos os projetos apresentados com outros formatos. Passei os primeiros momentos da manhã, portanto, verificando o material de alguns cursistas, enquanto esperávamos a chegada de todos. Quando os trabalhos se iniciaram, nós retomamos o último assunto tratado no encontro anterior, a organização do período, e aproveitamos para conversar um pouco mais sobre revisão textual. Eu sentia que a necessidade da revisão para quem produz textos não era uma convicção para todos os participantes. Neste momento, então, ilustramos o uso do código de revisão textual, em grupo, pelos alunos e não só pelo(a) professor(a). Apresentei também parte do artigo de Stephen Kanitz, articulista da Revista Veja: “Reescrevo cada artigo, em média, 40 vezes. Releio 40 vezes, seria a frase mais correta porque na maioria das vezes só mudo uma ou outra palavra, troco a ordem de um parágrafo ou elimino uma frase, processo que leva praticamente um mês. Ninguém tem coragem de cortar tudo o que tem de ser cortado numa única passada. Parece tudo tão perfeito, tudo tão essencial. Por isto, os cortes são feitos aos poucos. Depois tem a leitura para cuidar das vírgulas, do estilo, da concordância, das palavras repetidas e assim por diante.” A conversa foi se encaminhando para os artistas. Eles fazem revisão? Então contei o depoimento que ouvi de Lygia Fagundes Teles sobre seu trabalho de criação; falei do livro de Lygia Bojunga – fazendo Ana Paz – uma verdadeira “metaconstrução” de um personagem; e lembrei o depoimento de Ziraldo, no final do livro “Menina Nina”, sobre o quanto ele contou com a opinião de amigos sobre o livro, enquanto ainda o escrevia. Se eles trabalham com arte, tem na escrita a sua profissão, e precisam do olhar de outrem, por que não os estudantes? E assim, já que falávamos de arte literária, demos início às reflexões do papel da arte em nossa vida e em nosso trabalho pedagógico. Para aguçar nossa sensibilidade, assistimos a dois espetáculos da “China Disabled People's Performing Art Troupe”, companhia que integra um elenco com cerca de 80 jovens artistas chineses deficientes. O primeiro vídeo foi “Hand in hand”, com apenas um casal de bailarinos – ela sem um braço e ele sem uma perna. O segundo foi “Thousand-hand Guan Yin”, com um grande grupo de bailarinos surdos. Depois dos emocionados comentários, lemos os casos apresentados no TP 2 (p. 77) e eu pedi exemplos de aspectos filosóficos presentes nas obras clássicas literárias. Após o prazer dessas lembranças, cada cursista redigiu pra mim um pequeno texto sobre a importância da arte em sua própria vida. Durante esse momento de escrita, fui exibindo bem vagarosamente alguns slides de pintura clássica. E assim, à medida que foram terminando seus textos, os cursistas foram saindo para o almoço.




TARDE – AVALIAÇÃO

Passava das 13 horas quando, para dar início à nossa oficina de avaliação, recitei “Mãos dadas”, de Carlos Drummond de Andrade e lhes falei de toda a satisfação que tive em trabalhar com aquele grupo. Dividi nossa avaliação em duas dimensões: o crescimento pessoal que o Gestar lhes tenha proporcionado; e o impacto do programa nas escolas. Para a primeira dimensão, cada qual completaria, numa folha, as frases: a) Que bom que ............................. b) Que pena que ............................ c) Que tal se ................................. Para a segunda dimensão, em outra folha, cada um deveria enumerar 5 substantivos concretos que representassem o impacto do Gestar em sua escola. Num segundo momento, todos deveriam trocar de folha com um colega, para interpretar as metáforas uns dos outros. Depois disso, cada um pegaria de volta sua folha para confirmar, negar ou complementar a interpretação que seu colega fez. A Secretaria de Educação também formulou um questionário de avaliação, que foi respondido pelos cursistas. E quando todos terminaram, dirigimo-nos para o refeitório da escola que, transformado em auditório, acolheu nosso encerramento e a entrega dos certificados. Despedimo-nos cantando, depois de “Navega Coração”, (Kleyton e Kledir), o hino do Gestar Capixaba – a música “Semente”, paródia de “Aquarela” (Toquinho e Vinicius).

Elisa Alves

Aqui o vídeo "As mil mãos de Guan Yin.

RELATÓRIO - Encontros 17 e 18 – Afonso Cláudio - 24 de abril de 2010




MANHÃ – UNIDADE 05

Iniciamos o dia com o relato dos cursistas sobre seus projetos e experiências. Em seguida, como retomada do que tratamos no mês anterior, lemos “Uma história louclássica”, de Maurício de Sousa, cheia de referências a compositores clássicos. Foi divertido, embora muitas professoras não conhecessem os autores citados e, portanto, não percebessem a intertextualidade.
Durante a leitura em pequenos grupos do texto “Na gramática da escola cidadã”, procedemos à orientação de alguns projetos que não conseguiram ser enviados por e-mail.
Terminada a leitura, o texto foi amplamente discutido, tocando especialmente no papel do ensino de gramática nas escolas. E para ilustrar a farsa da igualdade dos cidadãos perante a lei, lemos juntos o texto de Luis Fernando Verissimo, “Ladrão de Galinhas”. Assim, a produção seguinte foi justamente o planejamento de uma aula de gramática. O tempo para esse trabalho incluiu o pequeno intervalo para o café, depois do qual partimos para as apresentações.
Para finalizar esse tema, cada participante redigiu um parágrafo com suas considerações sobre o ensino de gramática.
Como os relógios já marcavam 11:45h, saímos para o almoço.


TARDE – UNIDADE 06


Para iniciar a parte da tarde, lemos juntos o divertido texto elaborado por uma aluna da UFPE, sobre o encontro entre um substantivo e um artigo.
Após os comentários, e para espantar com o riso a preguiça de depois do almoço, assistimos à apresentação do grupo “Os melhores do mundo”, com a cena do assaltante que elimina um refém a cada “erro” de português cometido pelos policiais.
Depois das risadas, voltamos ao trabalho realizando algumas atividades do AAA2. Começamos com um jogo de palavras, exercitamos a entonação de nossa voz com o poema de Manuel Bandeira (Balada do rei das sereias), demos sentido a frases sem pontuação. Fizemos tais atividades, claro, uma por vez, esperando até que todos conseguissem atingir as metas e, ao final, tecemos nossas considerações sobre as várias maneiras de se organizar um período.
O vídeo Vida Maria foi nosso próximo texto. Emocionados conversamos sobre as possibilidades de Maria, suas chances de superação e o que temos em comum com ela. Em contraposição, visitamos “A moça tecelã”, de Marina Colasanti, e deciframos suas estratégias de libertação – uma conversa que acabou nos conduzindo a outro texto de desencontros: “O caso do vestido”, de Drummond.
Embebidos de poesia, fizemos a avaliação deste dia e nos despedimos.

Elisa Alves

RELATÓRIO - Encontros 15 e 16 – Afonso Cláudio - 20 de março de 2010





MANHÃ – UNIDADES 01 E 02

Que saudade! Desde dezembro não nos víamos e eu queria muito saber as novidades, quem havia mudado de série, de escola.
Inspirados pela canção de Gilberto Gil – Andar com fé – iniciamos nosso encontro, justamente contando como nos encontrávamos, inclusive em relação aos estudos que havíamos interrompido.
O texto seguinte que guiou nossa reflexão foi “Eu ensinei a todos eles” – sempre um bom lembrete de que corremos o risco de nos tornarmos inúteis para a vida dos jovens com quem trabalhamos. De qualquer forma, sempre deixamos algum tipo de marca nas pessoas com quem nos encontramos. E é bom manter-nos alertas.
Dessa forma, para darmos início ao estudo das variantes linguísticas e o consequente questionamento do que seja erro, fizemos a divertida atividade de reescrever alguns avisos ambíguos, afixados em uma paróquia portuguesa, retirando-lhes, é claro, a ambiguidade.
Depois de alguns minutos, com a tarefa pronta, lemos juntos os textos “Babel é aqui” e “Gírias” – de Ormezinda Maria Ribeiro. Conversamos longamente sobre nossa posição diante da norma padrão, e o papel da escola ante as demais variedades e lemos no TP1 as considerações sobre o conceito de “dialeto”.
Em seguida nos dividimos em pequenos grupos para estudar os textos propostos no TP1, às páginas 44 a 47 e 123 a 125. Depois do tempo destinado ao estudo e do intervalo, socializamos nossas conclusões e partimos para a leitura projetada de dois divertidos textos – um que apresenta a definição de rapadura, de acordo com o grau de instrução de quem fala; e outro que narra as confusões em que se meteu um rapaz da cidade, o Alfredão, ao escrever ao senhor que lhe deu socorro mecânico, um dia no interior.
Os comentários sobre os textos foram muito ricos, e encerraram nossa parte da manhã.



TARDE – UNIDADES 3 E 4



Quando voltamos do almoço, assistimos ao vídeo “Como o brasileiro elogia uma mulher” e partimos para a leitura de algumas imagens ambíguas – exercício extremamente prazeroso, pela curiosidade que desperta em todos, e que deu início às discussões do conceito de intertextualidade. O texto “Outras vidas” foi muito enriquecedor nesse sentido, pela alusão que faz a textos que muitos de nós já conhecíamos.
Depois de revisar todos os tipos de intertextualidade, e tendo em mente a ideia de que nem tudo é o que parece, iniciarmos a leitura de “Feio, o gato” – que emocionou a maior parte de nós. A reflexão foi muito proveitosa, relacionada aos tantos alunos presentes em nossas escolas, e que não são o que se espera deles.
Em seguida, divididos em oito grupos, demos início a uma interessante produção: quatro grupos deveriam escolher uma fábula e fazer uma paródia dela, com alusão a um tema da atualidade. Os outros quatro trabalhariam com uma história clássica infantil, fazendo alusão a outras histórias dentro do enredo principal.
Antes de apresentarmos os resultados de nossas produções, divertimo-nos um pouco com tirinhas da turma da Mônica, e com o Hino Nacional Brasileiro composto por marcas, para lembrar como o conhecimento prévio é necessário para que se percebam as marcas de intertextualidade.
As paródias e alusões foram interessantíssimas. No final das apresentações lemos em projeção a linda história “O Carteiro Chegou”, de Janet e Allan Ahlberg e, depois da avaliação do encontro, nos despedimos.

Elisa Alves

RELATÓRIO - Encontros 13 e 14 – Afonso Cláudio - 05 de dezembro de 2009







MANHÃ – UNIDADE 23

Encontro difícil.
Choveu por toda a noite anterior em toda a região, e como todos moramos longe, tivemos dificuldades para chegar.
Com pouca gente e um tanto molhadas, iniciamos o encontro falando dos encaminhamentos das tarefas práticas nas escolas. Mas o clima era tenso por causa da chuva, o que se acentuava pelo fato de que de momento a momento chegava mais gente falando da quantidade de água pelo caminho.
Percebendo que eu devia me apressar, e sentindo a dispersão dos relatos, iniciamos logo uma produção de texto com a dinâmica “Advogado do diabo”: num envelope há várias figuras que foram partidas ao meio. Atrás de cada uma delas está escrito um tema polêmico – o mesmo tema nas duas metades. Entretanto, uma destas orienta: “defenda essa ideia”. A outra metade já diz: “defenda a ideia contrária”. As metades são distribuídas aleatoriamente, de forma que cada pessoa não saiba que tem um par. Depois de um tempo determinado para desenvolvimento do texto, cada um procura o colega que tem a outra metade de sua figura. Quando se encontram os dois trocam de textos entre si e, mantendo seu posicionamento inicial, vão responder ao texto um do outro, contra-argumentando. Num terceiro momento, os textos voltam a seus autores para que estes avaliem se seus colegas foram capazes de apresentar contra-argumentos sólidos.
O trabalho foi positivo, houve boa participação dos cursistas para escrever. Mas já íamos para o terceiro momento, e ainda havia gente chegando... E cada pessoa que chegava trazia consigo notícias preocupantes sobre as chuvas.
Estava prevista para esta data uma pequena confraternização de fim de ano, e nós inclusive havíamos nos cotizado para comprar uma torta salgada e refrigerantes. Mas no clima tenso e molhado em que nos encontrávamos, o grupo propôs que não fizéssemos o intervalo da manhã, antecipássemos a torta para o horário do almoço e ficássemos ali mesmo, começando o período da tarde mais cedo e indo embora por volta das 14 horas.
Foi, sinceramente, uma proposta até razoável diante da inundação iminente – o que me convenceu do comprometimento do grupo com que eu estava tendo a honra de estudar.
Terminada a elaboração dos textos argumentativos, então, fizemos um estudo teórico do TP 6 (páginas 129, 137 e 145) em grupo, com subsequente socialização, e paramos para um rápido almoço, com desejos de bom fim de ano e de águas calmas para aquele resto de dia.


TARDE – UNIDADE 24


Para motivar a discussão sobre literatura para adolescentes, propus que realizássemos a interessante atividade da seção 3, a partir da página 192, individualmente. Depois, cada qual apresentou suas posições, que foram discutidas e comparadas com as dos demais.
Às 13: 40h eu apresentei outros tópicos que aprofundaríamos neste dia e nos despedimos, esperando um reencontro com boas notícias no ano seguinte.
As chuvas continuaram pelo restante do dia, dificultando o trajeto de volta e enchendo meu peito de apreensão. Como as professoras encontrariam seus lares ao chegarem em casa?
No dia seguinte, apenas, por e-mail, tive notícias de algumas. Houve inundação, transtornos e perdas materiais. Mas graças a Deus sem perdas humanas.
A água é um mistério, como a própria vida. Carrega em si o paradoxo da dualidade, como tudo o que constitui este verdejante planeta. Mansa, ela possibilita a vida. Mas que poder de destruição tem, quando se ergue imponente!
Que todos os que conheceram esta sua segunda face tenham condições de se refazer em tempo de celebrar o Natal de Jesus, que se aproxima. E que esta mesma celebração nos preencha a todos de vida nova e desejosa de mais e mais aprender.


Elisa Alves

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Elisa,
Como terminou o seu dia de ontem? Fiquei muito preocupada com você, devido à situação das estradas por causa da chuva. A minha cidade ficou toda inundada, não tive como chegar na minha casa, precisei dormir na casa da minha amiga Regina. Foi tudo muito triste. Temos 1.000 pessoas desabrigadas aqui, estamos todos apavorados.

Manda-me notícias.
(Professora Rita - 06/12/2009)

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Zilda ArnsFragmentos de um discurso amoroso

(...) Sabemos que a força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas."Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade.
Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quanto a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.

Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.


— Trechos do último discurso Zilda Arns

Zilda Arns

Zilda ArnsFragmentos de um discurso amoroso
(...) Sabemos que a força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas."Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade.
Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quanto a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.

Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.


— Trechos do último discurso Zilda Arns[10]

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