quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Soneto de Amor Pablo Neruda

Talvez não ser é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando o meio- dia
como uma flor azul, sem que caminhes
mais tarde pela névoa e os ladrilhos,

sem essa luz que levas na mão
que talvez outros não verão dourada,
que talvez ninguém soube que crescia
como a origem rubra da rosa,

sem que sejas, enfim, sem que viesses
brusca, incitante, conhecer minha vida,
aragem de roseira, trigo do vento,

e desde então sou porque tu é,
e desde então é, sou e somos
e por amor serei, serás, seremos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores